top of page

Revista eletrônica de investigações filosófica, científica e tecnológica

ISSN 2358-7482

 

Dezembro/2020, Ano VI, Volume VI, Número XX

 

Filosoficamente, por que a terra não é plana?

          Publicado 28/12/2020

 

George André Pacheco Casanova

Professor e Pesquisador da Secretaria de Educação do Estado de Goiás

 

Frederico Fonseca da Silva

Instituto Federal do Paraná

 

Resumo

O presente trabalho apresenta duas seções: a primeira sobre a evolução histórica dos conceitos filosóficos, teológicos e das ciências da natureza sobre o universo que implicaram em consequências sobre as visões da geometria da Terra; na segunda seção demonstra-se tecnicamente como que os argumentos são irrefutáveis a favor daqueles que defenderam a forma esférica para o planeta. Dito isso, ver-se-á na primeira parte as explicações dadas pelos antigos pensadores, desde a época dos filósofos gregos até o período da revolução científica do século XVII, atingindo seu apogeu em Isaac Newton. O estudo da Terra e sua forma está intrinsecamente associado ao estudo do Céu e aqui entende-se Céu como toda a abóboda celeste, onde se alojam as galáxias, estrelas e outros planetas. Um dos motivos dessa associação foi, por exemplo, a explicação de Aristóteles para a sombra que a Terra projetava na Lua quando se colocava entre o satélite e o Sol. Como tinha a forma circular, a Terra deveria ser esférica. Entretanto, por mais que tenha sido considerado um excelente argumento na época, não foi o bastante para impedir de se envolver a forma da Terra em mitologia no período conhecido como período medieval. Somente no início da Era Moderna, novos estudos e instrumentos de navegação trouxeram outros paradigmas para o formato da Terra, muito pela necessidade cartográfica e dominação de novos territórios. Newton, apoiado na nova escola que surgia, aprimorou e criou os métodos matemáticos necessários para a filosofia natural, com os quais se demonstra que a Terra deve ter formato esférico. Na segunda seção, todos os argumentos que foram usados para o fato de se aceitar a Terra esférica são demonstrados. A medida da circunferência de um meridiano terrestre feita por Eratóstenes no século III a.C., o deslocamento das constelações apresentado por Aristóteles, o princípio da Inércia esboçado por Galileu são alguns dos fatores que, isoladamente ou contribuintes de outras teorias, conceberam cientificamente a Terra como uma esfera ao redor do Sol.

Palavras-chave: Geociência. Astronomia. Esfera.

 

Abstract

This paper is divided in two sections: the first about the historical evolution of philosophical, theological and natural sciences concepts about the universe, which had implications on the visions of Earth’s geometry; in the second section it is technically demonstrated how irrefutable are the arguments in favor of those which defended the spherical shape to the planet. After say that, one shall see in first part the explications offered by the ancient philosophers, since the Greeks until the scientific revolution period in XVII century, with the peak in Isaac Newton. The study of the shape of the Earth is tangled with the study of the Sky and here one must understand Sky as the whole space with galaxies, stars and planets. One of the reasons to this association was, for example, the Aristotle’s argument to the shadow that Earth projects on the Moon when it was between the satellite and the Sun. As it had a circular shape, then the Earth should be spherical. However, although this argument was considered an excellent one at this time, was not enough to stop in involve the Earth’s shape in mythology in the Dark Ages period. Only on the beginning of Modern Age, new studies and navigation instruments brought other paradigms to Earth’s shape, much because cartographic need and territories domination. Newton, supported by the new school was emerging, improved and created the mathematical methods necessary for natural philosophy with which it is demonstrated that Earth must be spherical. In the second section, all the arguments that were used to accept a spherical Earth are demonstrated. The measurement of a meridian made by Eratosthenes in the 3rd Century BC, the displacement of constellations presented by Aristotle, the principle of Inertia sketched by Galileo are some of the factors that, separately or contributing to other theories, conceived scientifically the Earth as a sphere around the Sun.  

Keywords: Geoscience. Astronomy. Sphere .

 

Resumo

Nuna laboro havas du sekciojn: la unua pri la historia evoluo de la filozofiaj, teologiaj kaj natursciencaj konceptoj pri la universo, kiuj implici konsekvencojn pri vidpunktojn de la geometrio de la Tero; en la dua sekcio montriĝas teknike, ke la argumentoj estas nerefuteblaj favore al tiuj, kiuj defendis la sferan formon por la planedo. Dirite, la klarigoj donitaj de la antikvaj pensuloj estos vidataj en la unua parto, de la tempo de la grekaj filozofoj ĝis la periodo de la scienca revolucio de la XVII-a jarcento, kiu atingis sian glortempon en Isaac Newton. La studo de la Tero kaj ĝia formo estas interne asociita kun la studo de Ĉielo kaj ĉi tie Ĉielo estas komprenata kiel la tuta ĉiela volbo, kie troviĝas galaksioj, steloj kaj aliaj planedoj. Unu el la kialoj de ĉi tiu asocio estis, ekzemple, la klarigo de Aristotelo pri la ombro, kiun la Tero ĵetis sur Luno, kiam ĝi estis metita inter la satelito kaj la Suno. Ĉar ĝi havis cirklan formon, la Tero devus esti sfera. Tamen, kvankam ĝi estis konsiderata bonega argumento tiutempe, ĝi ne sufiĉis por malebligi, ke la formo de la Tero partoprenu en mitologio en la periodo konata kiel mezepoka periodo. Nure komenco de la Moderna Aĝo, novaj studoj kaj navigaj instrumentoj alportis aliajn paradigmojn al la formo de la Tero, multe pro la kartografia bezono kaj la regado de novaj teritorioj. Newton, subtenata de la nova skolo, aperanta, plibonigis kaj kreis la matematikajn metodojn necesajn por natura filozofio, per kiu montriĝas, ke la Tero devas havi sferan formon. En la dua sekcio, ĉiuj argumentoj uzataj por akcepti la sferan Teron estas montritaj. La mezurado de la cirkonferenco de tera meridiano farita de Eratosteno en la III-a jarcento a. K., la delokiĝo de la konstelacioj prezentitaj de Aristotelo, la principo de Inercio skizita de Galileo estas iuj el la faktoroj, kiuj aparte aŭ kontribuante al aliaj teorioj, science konceptis la Teron kiel sfero ĉirkaŭ la suno.

Ŝlosilvortoj: Geoscienco. Astronomio. Sfero.

 

Biografia do autor

 

George André Pacheco Casanova

Professor e Pesquisador da Secretaria de Educação do Estado de Goiás (SEDUC-GO). E-mail: professor.casanova.fisica@gmail.com. ORCID 0000-0003-4580-1891.

 

Frederico Fonseca da Silva

Professor e Pesquisador do IFPR - Instituto Federal do Paraná. Doutor em Irrigação e Meio Ambiente. E-mail: frederico.silva@ifpr.edu.br. ORCID 0000-0003-2817-6983.

 

Referências

 

ALBUQUERQUE, B.P. As relações entre o homem e a natureza e a crise socioambiental. Rio de Janeiro, RJ. Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), 2007.

 

ALMEIDA, P.A.F. Os gauleses em César, Tito Lívio e Plínio, O Velho: Sobre a retórica da representação do outro e a construção do si. UFMG. Tese. Disponível em https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/LETR-B57JX8/1/priscilla_adriane_ferreira_almeida_tese.pdf. Acessado em 03.mai.2020.

 

BARROS, J.A. Passagens de Antiguidade Romana ao Ocidente Medieval: leituras historiográficas de um período limítrofe. História, vol.28 no.1, Franca,  2009.

 

BARROS-PEREIRA, H.A. Esferas de Aristóteles, círculos de Ptolomeu e instrumentalismo de Duhem. Rev. Bras. Ensino Fís. vol.33 no.2. São Paulo Apr./June 2011.

 

BIRZNEK, F.C. A evolução das teorias cosmológicas: da visão do universo dos povos antigos até a teoria do Big Bang. Trabalho de Conclusão de Curso, UFPR, 2015, 100 p.

 

BONGIOVANNI, V. As duas maiores contribuições de Eudoxo de Cnido: “A teoria das proporções e o método de exaustão”. Revista Ibero americana de educacíon matemática, número 2, pag. 91-110, 2005. Disponível em http://www.fisem.org/www/union/revistas/2005/2/Union_002_008.pdf. Acessado em 17.Jul.2020.

 

CALAFATE, F.Eratóstenes: o primeiro a medir a circunferência da Terra. A Nova Democracia, ano xvii, nº 224 - 2ª quinzena de junho e 1ª de julho de 2019. Disponível em https://anovademocracia.com.br/no-224/11259-eratostenes-o-primeiro-a-medir-a-circunferencia-da-terra. Acessado em 16.mai.2020.

 

CAMPOS, J.A.S. Introdução às Ciências Físicas 1. v. 3 / Jose Adolfo S. de Campos. - 4. ed. = Rio de Janeiro: Fundação CECIERJ, 2008.

 

FERRIS, T. O Despertar da Via Láctea: Uma História da Astronomia. 2ª Edição. Rio de Janeiro: Editora Campus, 1990.

 

GALILEI, G. Dialogues Concerning Two New Sciences. New York: Dover Publications, 2001.

 

NUSSENZVEIG, H.M. Curso de Física Básica, Volume 1: Mecânica. 4ª Edição. São Paulo: Editora Blucher, 2002.

 

PAULA, H.F.A esfericidade da Terra. Disponível em file:///C:/Users/asus/Downloads/02_A%20esfericidade%20da%20Terra.pdf. Acessado em 22.mai.2020.

 

OLIVEIRA, D.A.U. As grandes navegações: aspectos matemáticos de alguns instrumentos náuticos. Dissertação. UFPB, João Pessoa, 70 p., 2017.

 

RIVAL, M. Os Grandes Experimentos Científicos. 1ª Edição. Rio de Janeiro: Editora Zahar, 1997.

 

ROSA, C.A.P. HISTÓRIA DA CIÊNCIA A Ciência Moderna. Volume II - Tomo I. Fundação UnB, 412 p. Brasília, 2012.

 

ROSA, R. INTRODUÇÃO AO GEOPROCESSAMENTO. UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA. 142 p. 2013.

 

ROCHA, J.M. A descoberta da Teoria da Gravitação Universal: Uma análise desde Aristóteles aos Principia Monografia apresentada no instituto de Física da Universidade Federal do Rio de Janeiro como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de licenciado em Física. UFRJ, 52, 2015.

 

SARAIVA, M.F.O.; OLIVEIRA FILHO, K.S.; MÜLLER, A.M. Movimento dos Planetas - o Modelo Heliocêntrico de Copérnico. Disponível em http://www.if.ufrgs.br/fis02001/aulas/Aula5-132.pdf. Acessado em 18.jul.2020.

 

SOUZA, L.D.; GARCIA, J.M. D. João II vs. Colombo: Duas estratégias divergentes na busca das Índias. Vila do Conde. REVISTA ANGELUS NOVUS - no 4 - dezembro de 2012. Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho, 2012.

 

SOUZA, T.O.M.O DESCOBRIMENTO DO BRASIL - ESTUDO CRITICO - de acordo com a documentação historico-cartografica e a nautica. BRASILIANA, Vol. 253, 1946. Disponível em https://bdor.sibi.ufrj.br/bitstream/doc/339/1/253%20PDF%20-%20OCR%20-%20RED.pdf. Acessado em 17.maio.2020.

 

TAYLOR, T. The treatises of Aristotle, on the heavens, on generation & corruption, and on meteors (Somerset, England: The Prometheus Trust, 2004, 1807). 

 

VELÁSQUEZ-TORIBIO, A.M.; OLIVEIRA, M.V. Primeiro modelo matemático da cosmologia: as esferas concêntricas de eudoxo. Rev. Bras. Ensino Fís. vol. 41 nº 2 São Paulo  2019  Epub Oct 22, 2018.

bottom of page